No dia marcado nos encontramos no pé da montanha em um vilarejo de Tanada, tipo de plantação de arroz em degraus, aguardamos em um estacionamento enquanto um grupo foi levar 2 veículos para fazer o resgate de volta, nesse caminho eles acabaram se perdendo, o que nos fez aguardar por mais de uma hora sob uma brisa gelada e consequentemente acabou atrasando um pouco o inicio da subida.
A trilha começou em um ritmo bem leve, praticamente um passeio no bosque, caminhamos uns 20 minutos até que saímos daquela trilha e adentramos em uma rota pouco usada, neste trecho enfrentamos uma descida íngreme e atolamos muito em uma mistura de folhas, galhos e lama. Depois daquela descidinha desagradável alcançamos uma corredeira, e era por ela que seguiríamos por um longo período.
Nós desviamos o caminho e não sei o que foi pior, demos uma volta subindo e depois tivemos que descer um trecho íngreme e escorregadio até encontrar o resto do grupo. A partir daquele ponto não tivemos mais vida fácil, a subida se tornou difícil e tive que ir puxando Kaori por uma corda, o que aos poucos foi me deixando exausto.
Com os contratempos e atrasos, Taro decidiu antecipar o local do almoço e paramos assim que alcançamos um vale mais aberto, porém ele mudou de ideia e decidiu seguir mais um pouco e parar em um pico que já estava próximo. Seria perto não fosse a pirambeira que tivemos que enfrentar e assim que alcançamos a crista ainda teve um trecho com correntes para vencer as rochas que levavam ao topo do pico.
Aquele pico não era o que se pode chamar de muito aconchegante e acomodar 10 pessoas no local não foi tarefa muito fácil. Ficamos ali por cerca de 40 minutos e apesar da temperatura agradável o Sol incomodava um pouco, a vista fantástica que se teria no local para mim foi substituída por uma enorme rocha postada a minha frente, que além de cobrir minha visão, ainda bloqueava a agradável brisa que soprava.
Com baterias recarregadas veio a crista rochosa que parecia infinita, a cada nova elevação Kaori me perguntava se aquele era o topo da montanha, mas para o desanimo dela este demorou a vir. Aos poucos o grupo foi se dispersando, para ela começou a faltar perna e para mim braço para puxa-la, mas a vida na montanha é assim, você se esforça para receber um premio e ele vem em forma de cume, desta vez não foi diferente e apesar da dificuldade lá estávamos nós.
Kaori estava feliz e exausta, paramos para descansar um pouco mas a desvantagem de seguir no pelotão de trás é que você sempre vai descansar menos que os outros. Desta vez pelo menos o caminho de volta seria mais curto, porém para alcançar os carros que fariam o resgate teríamos que atravessar para a montanha do lado.

Exausto fiquei largado na pista enquanto foram buscar os veículos, então me lembrei que havia um bolo de fubá que minha esposa havia preparado na mochila e carreguei desnecessariamente por toda a travessia, distribui para todos e não conseguia explicar do que era feito aquele bolo, mas isso não importa, o importante foi que acabamos fazendo um lanche da tarde ali mesmo sentados no canto da pista.
Ao final seguimos para o estacionamento e Kaori indagada se voltaria para novas investidas me surpreendeu respondendo que sim, eu estava imaginando que ela nunca mais ia querer olhar para uma montanha. O mais impressionante é que no dia seguinte eu estava com dores até no cabelo enquanto ela estava inteira, sem qualquer fadiga. Que venham muitas outras montanhas pela frente!
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